sábado, 12 de março de 2011

Discos



Sou da época do vinil. Falo não por romantismo ou saudosismo, mas para dar uma referência temporal mesmo. Late 80s, early 9os, carregando discos, emprestando, trocando, comprando... Mas não é exatamente sobre isso que vou falar e sim sobre ouvir discos.
De uns tempos pra cá eu tenho tido recaídas homéricas de ouvir DISCOS, no todo. Esse lance de single, pra mim, já encheu o saco. Tudo é muito efêmero, superficial. Eu voltei a ter vontade de parar e ouvir discos inteiros. Captar qual era a do artista que tava ali porque, afinal, música é (é, ainda?) arte. E, sendo quem sou, o foco voltou pros antigos. Mas sem paranóia. Os de sempre, porém com vontade de procurar coisas novas.

Bem entendido: NOVO, pra mim, é o que nunca ouvi. Pode ser um Howlin' Wolf de 1966 ou uma trilha sonora de 2005 - eu tenho curtido muito ouvir discos inteiros. Com a atenção devida, mas sempre numa boa. Em suma, o que há: nesse lance de ouvir discos inteiros, velhos conhecidos esbarram com novidades recuperadas ou até mesmo garimpadas. E viram companheiros da viagem.
Não é fácil, a vida tem outras coisas mais urgentes. Mas esses momentos de parada e contemplação (e aí incluo a literatura e o cinema) tem dado uma baita força na caminhada.

Este post é dedicado aos parceiros:

Ouvindo neste exato momento. Os Stones foram grandes desde sempre, esse é um puta disco. Abre com Satisfaction, sai da frente. Last Time, Tears goes by, Heart of stone, TIME IS ON MY SIDE, caramba...

Vi o filme, pirei. Vi de novo, prestando mais atenção à trilha, pirei. Descolei a trilha, pirei. Preciso mesmo continuar?

Não é disco, mas a carreira de um mito. Pra neófitos ou veteranos, papa finíssima! Desde os Yardbirds, Cream, Blind Faith, Derek and the Dominoes até a carreira solo, só tem obra-prima. Obrigatório! Faltou, entre outras a mais sentida, Bell Bottom Blues. Nada difícil de arrumar em tempos "Y".

Tenho um xodó do cão com esse disco, talvez por ser o menos festejado (e mais curto!) disco de Jimi Hendrix. Mas é lindo, de uma beleza ímpar! A abertura psicodélica quando Hendrix, especialista E alienígena, conversam... e entra Up from the skies, no clima. Tem Little Wing, a faixa título é maravilhosa... xodó justificado, pô!

Consegui o disco de estúdio mesmo, não só a música. Mas até o Motorhead tem influência no blues, é incrível como nego sempre bebe do que é bom. Do começo ao fim, não tem som ruim. Rock and roll sujo, pesado e safado, como deve ser.

Sempre tive um pé atrás com Judas, não sei porquê. Aí resolvi tirar a história a limpo, peguei esse disco e... baixei o Screaming for Vengeance, Painkiller e os com o Ripper Owens! Living after midnight é muito boa!

Esse eu sempre gostei. Esse tipo de música me lembra muito minha infância, reuniões na casa da minha avó. Meu avô tinha os discos da série Gala 79 e vez ou outra a gente passava horas ouvindo de tudo: velhos sambas, choro, era de ouro do rádio, samba canção, mpb. E Cartola, pra mim, já vem desde que vi o Cazuza cantando "O Mundo é um Moinho", antes mesmo de ele ter gravado, em 85, 86. As músicas do cara tem uma sinceridade que é de rachar pedra, muito bonito (ontem até passou um "Por Toda Minha Vida" lindo, sobre ele). Paulinho da Viola também tenho escutado bastante. Sinal Fechado e Bebadosamba, menos difíceis de encontrar...

Sempre gostei do Caetano. Um monumento da música popular brasileira, fez e faz muito a minha cabeça. Meu disco favorito dele sempre foi o Transa, de 72. Aquele gravado no exílio também, com London London. Terra, Estrangeiro, Circuladô de Fulô... esses 02 últimos, Cê e o Zie sei lá o q, não ouvi, vou pegar qualquer hora. Mas achei o cd Qualquer Coisa, numa andança com um amigo, e não resisti. Além de gostar muito do disco, a capa à-la Beatles também gosto muito.

Um dos meus discos favoritos, de um dos meus artistas favoritos. Começa com uma das músicas mais lindas desde sempre, I'm not awake yet. Crest of a wave também é boa. Discaço de blues irlandês, maravilhoso!

BEGINNINGS & DREAMS BOX SET - ALLMAN BROTHERS
Beginings porque junta os dois primeiros discos dos Allman, gravados (se a memória não trai) em 70. Eles já eram foda nessa época, os discos são muito bons. E Dreams porque é uma caixa com 4 cds sem UMA música sequer mais ou menos - ok, a primeira tem umas coisinhas bem meia boca, pule-a. Muito gostoso pra ouvir em casa, no carro, nos fones, no computador...


KNEBWORTH 76 - LYNYRD SKYNYRD (no link!)
Outro Southern xodozão, gosto pra caramba. E, assim como os Allman Bros, estão ainda firmes na estrada. Esse show, reza a lenda, foi onde eles ofuscaram ninguém menos que os Rolling Stones - e eles estavam fodásticos mesmo! O primeirão deles, Pronounced, também bom pra caramba.

O Iron Maiden que eu conheci era assim: sujo, rápido, alegre e pesado. Instigante. Nada a reclamar do que veio depois, mas prefiro assim mesmo, com Clive Burr e tudo (e, claro, com todo respeito ao Paulo Baiano, Bruce é Bruce). Nesse pique também gosto muito do A Real Live Dead One.

BUDDY GUY - LIVING PROOF
Ouvin neste exato momento! O mais recente desse monstro. Lindo, muito foda - e outros palavrões de empolgação! Muito, mas MUITO bem gravado! Ele tá tocando e cantando MUITO - com 74 anos, minha gente, como ele mesmo canta na empolgante faixa título! Lenda. Amém, Buddy. À melhor maneira José Dias, "clássico, classiquíssimo!"

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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Finais

A obra literária - a GRANDE obra literária, ou mesmo artística em geral - tem que ter um impacto. Uma passagem, uma cena, uma imagem, um verso, o início... ou o final. E, já em clima de retrospectiva 2010 (rá!), cito 02 finais que me marcaram imensamente.

1. A cena final de "Os Imperdoáveis", de Clint Eastwood.
Ok, Clint é um ídolo. Vi "Gran Torino" e surtei. "Cowboys do Espaço" tb tem das cenas finais mais lindas que já vi no cinema, com Tommy Lee Jones flutuando morto no espaço ao som de "Fly me to the Moon". "Conquista da Honra" e "Cartas de Iwo Jima" me marcaram muito, pra não falar da fantástica trilogia faroeste com Sérgio Leone. Mas a cena final de "Imperdoáveis", quando um William Munt (Clint Eastwood) muito puto entra no saloon pra vingar a morte do amigo Ned (Morgan Freeman, parceria que remete a outro grande filme de Eastwood, "Menina de Ouro") e simplesmente arregaça, com sangue nos olhos... a gente chega a sentir a raiva do cara! Isso é assunto pra um outro post, mas o ódio é uma força motriz imensa. E essa cena é prova disso. As vezes coloco o filme só pra ver essa parte. O filme é muito mais que isso, mas essa cena é impressionante.



2. O final de "A Dócil", de Dostoiévski.
Dostoiévski é, junto com Machado de Assis, meu escritor favorito. Aliás, acho que até mais do que Machado. Esse conto, parte do livro "Duas Narrativas Fantásticas", da Editora 34 (que tem uma série estupenda de literatura russa) é denso do começo ao fim. Ler Dostoiévski é um passeio pelo que há de melhor: a narrativa intensa, as personagens nada lineares, as verdades cruas ditas em desespero. A escrita veloz, as impressões mal costuradas (mas sempre muito bem resolvidas na obra), as citações livres de outras obras e artistas, um show de erudição... impressionante! A história do homem que refaz sua história em frente ao cadáver da esposa que acabara de se suicidar pulando da janela abraçada a um ícone da Virgem é linda, embora dolorida - dor que a gente sente, sobretudo ao final, quando o narrador declara que está tudo morto. Simbolicamente, se isola do mundo, do sol, dos homens, das leis... tudo por não ter conseguido amar, por não ter dado amor e por não ter sido compreendido. O último trecho é de uma dor quase palpável:

"Ah, fosse o que fosse, contanto que ela abrisse os olhos uma única vez! Por um só momentom um só! que me lançasse um olhar, assim como ainda há pouco, quando estava diante de mim e jurava que seria uma esposa fiel! Ah, num único olhar ela teria entendido tudo!
A casmurrice! Ah, a natureza! Os homens estão sozinhos na terra - essa é a desgraça! "Há algum homem vivo nesses campos?" - grita o bogatir (espécie russa de Hércules popular) russo. Também grito eu, que não sou bogatir, e ninguém dá sinal de vida. Dizem que o sol anima o universo. O sol vai nascer e - olhem para ele, por acaso não é um cadáver? Tudo está morto, e há cadáveres por toda a parte. Há somente os homens, e em volta deles o silêncio - essa é a terra! "Homens, amai-vos uns aos outros" - quem disse isso? de quem é esse mandamento? O pêndulo bate insensível, repugnante. Duas horas da madrugada. As suas botinhas estão junto da cama, como que esperando por ela... Não, é sério, quando amanhã a levarem embora, o que é que vai ser de mim?"

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Urubuservando

Acabo de ver um documentário na TV Câmara sobre as relações da ditadura militar brasileira com igreja, imprensa, políticos em geral, etc. E, no bloco sobre imprensa me aparece o Alberto Dines, do Observatório da Imprensa, reclamando da publicidade oficial. Que ela acaba maculando a liberdade de imprensa, pois subjuga a atuação de um órgão ao interesse dos anunciantes; a própria distribuição dessa verba oficial obedece a interesses políticos. Tudo muito legal mesmo, tudo certo. Só que o documentário f0i gravado em 2000, reta final do governo Fernando Henrique Cardoso - governo o qual Dines foi um crítico feroz. Ferocidade amansada no alvorecer do governo Lula. Você pode pensar que Dines sempre foi um cara da esquerda e que, uma vez eleito um representante esquerdista, a afinidade ideológica iria ser maior. Ou você também pode entrar no site do Observatório hoje, 10 anos depois, reta finalíssima do governo Lula, e dar de cara com ISSO:



FUNDAÇÃO FORD, EMBRAER, ODEBRECHT e BANCO DO BRASIL. Um banco público, uma construtora com relações históricas com o poder, uma empresa de capital misto e uma Fundação de Pesquisa que é acusada pela própria esquerda de financiar projetos intelectuais ou governamentais alinhados com os interesses da Casa Branca e da CIA. Hoje, provavelmente, Dines não pensa dessa forma.

É, as pessoas mudam mesmo. Ou não?

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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Deve ser errado, mas é muito bom

Menininha parada, eu estou tão sozinho,
A menina sussurra, o estranho volta para casa.
olhos um pouco tristes, tanto a dizer,
Oh, que jogo, meninas jogam, e que deve ser...

Errado amar você como eu amo
Deve ser...
Errado amar você como eu amo

Garotinha falando, lançando o seu feitiço,
Garotinha em movimento, movendo-se lentamente.
Eu posso ouvir música, sons tão longe,
E eu posso ouvir vozes, eu sei exatamente o que eles dizem, que deve ser...

Errado amar você como eu amo
Deve ser...
Errado amar você como eu amo


Minha cabeça vai e volta,
Meu coração vem desmoronando.
Seus beijos quentes só me fazem saber que é verdade,
Seu amor quente só me faz pensar em você.

E deve ser...

Não haverá nenhuma canção de amor, não haverá doce refrão.
Não haverá nenhum adeus suave ou lenta caminhada na chuva.
Não haverá palavras sussurradas sem votos que não podem se tornar realidade.
É apenas eu, aqui esperando por você e que deve ser...

Errado amar você como eu amo, (errado amar você) deve ser
Errado amar você como eu amo. (Errado amar você)
Errado amar você como eu amo (errado amar você)
Errado amar você como eu amo (errado amar você)
Errado amar você (errado amar você)

Como eu amo!
-x-

Chris Isaak é foda mesmo, não? A voz, o arranjo, o timbre... tudo contribui pro clima intimista e apaixonado desse som. Daqueles de ouvir e sonhar... saca só:


Little girl standing, and I'm so alone,
Little girl whispers, stranger come home.
Sad little eyes, so much to say,
Oh what a game, little girls play, and it must be.

Wrong to love you like I do, it must be
Wrong to love you like I do.

Little girl talking, casting her spell,
Little girl moving, moving slowly.
I can hear music, sounds so far away,
And I can hear voices, I know just what they say, it must be.

Wrong to love you like I do, it must be
Wrong to love you like I do.

My head, goes round and round,
My heart, comes a tumbling down.
Your hot kisses, only make me know it's true,
Your hot loving, only makes me think of you. And it must be.

There will be no song of love there will be no sweet refrain.
There will be no soft goodbye or slow walk in the rain.
There will be no whispered words no vows that can't come true.
There's only me, waiting here for you and it must be.

Wrong to love you like I do, (Wrong to love you) it must be
Wrong to love you like I do. (Wrong to love you)
Wrong to love you, (Wrong to love you)
Wrong to love you, (Wrong to love you)
Wrong to love you, (Wrong to love you)

Like I do!

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terça-feira, 12 de outubro de 2010

Eu não sou daqui... marinheiro só... (período nacional)

Pai de duas filhas, frequentemente ouço como "inevitável" o fato de elas se curvarem e apreciarem modismos, Justins, Ladies e cosméticos descartáveis em geral. "Você já teve a idade dela e também deve ter consumido muita modinha, só que na época você não chamava assim". É, realmente, como diriam os Ramones, "I am (was, né?) a teenage schizoid". De cara já adorava o rock nacional, com meus 08, 09, 10 anos - época do primeiro Rock In Rio. E ali o som que costumo chamar de "a música que salvou minha vida". Já chegado em livros e míope, ouvir que "por trás dessa lente tem um cara legal" ou "também bate um coração", "eu não nasci de óculos, eu não era assim não" teve um efeito imediato naquela criança.


Os Paralamas viraram amigos pra todo canto, ouvi tudo - na época não dava pra "baixar". Então, era comprar ou gravar (fitas cassete!) de quem tinha. Anos depois ganhei outro disco que me pirou, "Que País É Este?", da Legião. Surto total. Já conhecia a banda ("Soldados", "Ainda É Cedo", "Quase Sem Querer", "Eduardo E Mônica"...), mas aquele disco também bateu forte. A faixa título, "Conexão Amazônica", "Depois do Começo", Química", "Tédio Com Um T"... todas as músicas fortes, intensas. Eu, com 12 anos, lutando pra entender aquilo tudo. Freud? Engels? Jung? Marx? A cocaína não vai chegar por que a conexão amazônica está interrompida? Hã?


Titãs! "Cabeça Dinossauro" já tinha atiçado minha libido em 1986, mas não ganhei o disco. Fui ganhar, em fita, o "Jesus Não Tem Dentes No País Dos Banguelas", de 1988. Todo Mundo Quer Amor, piração do Arnaldo Antunes. Nome Aos Bois, tentando descobrir quem era quem na letra declamada pelo Nando Reis. Mentiras, Comida, Armas pra Lutar, Diversão, Corações e Mentes... "Õ Blesq Blom", de 1990, "Tudo ao mesmo tempo agora", de 1991 e "Titanomaquia", de 1993, ainda tocam firmes em casa, até hoje, além dos citados.


E a banda que me apresentou ao blues, uma das que mais ouvi na vida: Barão Vermelho. Do Carnaval, de 1988, até hoje, tudo que lança eu procuro escutar - só deixei passar em branco o "Puro êxtase" e o "Ao Vivo + Remixes", acho que a banda não precisava daquilo. Roberto Frejat é um dos grandes guitarristas brasileiros de todos os tempos. Na Calada da Noite, Supermercados da Vida, o Ao Vivo de 1989, TODOS com Cazuza (o ao vivo no Rock in Rio é alucinante)... Barão ainda faz a minha cabeça.


A paulada, no 1º Rock in Rio:


Cazuza, cuja carreira acompanhei de perto até o fim. Essa é do comecinho...


Essas foram as principais, com discos comprados, letras analisadas... mas teve muito mais:

Camisa de Vênus. Desde o "Perdidos na Noite", programa que prova que o Faustão já foi um cara legal...


Quando ouvi o Brasil, do Ratos de Porão, pirei! Era muita porrada na cara de uma sociedade que eu não entendia (bem, com 34 eu ainda não capto direito...). Passava tardes indo na casa do meu amigo Cláudio Fazendão pra ouvir, com a galera da parte de baixo do bairro.


Ultrage a Rigor, puta banda de festa. Minhas filhas, hoje, pedem pra eu colocar!


Engenheiros do Hawaii. Amada pelo público, odiada pela crítica. Eu gostava, dane-se. Ainda gosto. Grandes letras, grandes sons!


Sepultura! Ouvi Inner Self em 89 e... até hoje escuto tudo!


Golpe de Estado. João Penca e Miquinhos. Heróis da Resistência. Nenhum de Nós. Uns e Outros. Inocentes. Ira. Modismo? É Rock Brasil, pulsante, inteligente. Sem ser ridículo ou paga pau! Isso pra não cair na próxima geração: Raimundos, Chico Science e Nação Zumbi, Mundo Livre S.A., Moleque de Rua, Los Hermanos... esses eu também ouvi pra caramba, mas já dos 17, 18, pra cima. A parada é a seguinte: é possível passar pela adolescência sem ser subproduto de moda. É só querer. Então não trate como inevitável o que inevitável não é.

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sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Blues Etílicos

São José dos Campos tem umas coisas doidas mesmo. Dia desses, depois de seis aulas na moleira, mortão, uma colega comenta: "E aí, vai ver o Blues Etílicos sábado?" Cacete, como não?! Uma das minhas bandas favoritas, no Sesc, a dérreau! Avisei o Tutty, gaitista e parceiro de blues desde sempre, e rumamos pra lá. E como foi bom...
A banda está afiada, inspirada e feliz. Lançou um cd muitíssimo bem produzido, um tributo ao grande Mudy Waters ("Viva Muddy Waters", timbrado à-la "Me and Mr Johnson", do monstruoso Eric Clapton). E o som do ginásio estava perfeito: alto sem ser insuportável, claro e bem equalizado. How Many More Times, Cerveja, Misty Mountain, Good Morning Little School Girl, Dente de Ouro... putz, que delícia! Greg Wilson naquela paz de sempre, Claudio Bedran e Pedro Strasser (que eu e Tutty chamamos de Pedro DESTROSSER, porque o cara, literalmente, destrói) demonstrando porque são uma das melhores cozinhas do Brasil. Some-se isso ao arregaço natural de Flávio Guimarães e Otávio Rocha. O primeiro, embora mais contido hoje em dia, é sempre um showman, destruidor. E Mr. Otávio... o que o cara fez com o slide foi brincadeira. Na mão dele a guitarra chora bonito, sem frecuras e maneirismos técnicos. Isso é BLUES, cara! Feeling total.
Na saída ainda pegamos autógrafos nos cd's e dvd's (Ao Vivo No Bolchoi Pub, muuuito bom!) e ainda batemos papo com os caras um bom tempo - todos amáveis, muito gentis. Dali saímos pra fechar a noite brindando com, claro, cerveja.
Uma banda talentosa, inspirada, de muitíssimo bom gosto. Cinco caras da melhor qualidade (tudo "Safra 63", hehe) e eis uma noite pra guardar na memória.
Acaba que, no embalo, baixei tudo deles, mesmo os que já tinha, pra ouvir no carro. E ouvindo tudo de uma vez, as certezas voltam: pra mim, Salamandra é o melhor disco. Dente de Ouro também é muito bom. Água Mineral é um xodó, o IV SERIA um ótimo disco se a gravação não fosse tão ruim. O primeiro é bom pra caramba, San Ho Zay também. A ótima surpresa fica por conta do "A Cor do Universo". Muito bom, mostra uma banda madura, que sabe o que quer. Suingado, provavelmente o disco mais "brasileiro" dos caras. Já é clássico, não paro de ouvir. Algumas composições inspiradíssimas, figurando entre as melhores da banda: Saudações (minha filha mais velha adora), Batida, Cor do Universo, Quero Você, São João Ninguém, A Gosma, Tiro de Largada... aliás e a propósito: que fim levou Vasco Faé, que até é creditado, em algumas resenhas, como novo membro da banda? Ele mandou bem no disco... (ver PS)
Fechando o post com, talvez, o grande clássico da banda. No Sesc foi um barato, e esse clip os caras mesmos disponibilizaram. "E é nessas horas que eu digo pra mim mesmo: nunca mais eu vou beber. Mas vem caindo a tardinha... preparo outra caipirinha."
E de brinde um puta som do Salamandra, Death Letter (cover do Son House, um fantástico bluesman americano). Procurei "Saudações" no You Tube e não achei... então só esses 02 mesmo.




PS: Sobre Vasco Faé (thanks Google): "Foi integrante do Blues Etílicos entre 2003 e 2005 com a qual gravou o CD “Cor do Universo (2003)” Mais sobre o cara: http://www.myspace.com/vascofae

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quarta-feira, 28 de julho de 2010

Elucubrações germânicas

Tenho "Diário de Anne Frank" para trabalhar com alunos. E lendo junto o (ótimo) "Menina que roubava livros", assistindo "Operação Valkiria" e "A Queda - as últimas horas de Hitler". Ou seja, II Guerra por todos os poros. Queria trabalhar os filmes com Anne Frank, mas ainda não sei como. Acho que os 03 dão um bom panorama: a visão dos judeus, a visão dos militares alemães e a visão do próprio bunker de Hitler. 03 faces do mesmo horror. Só não sei como juntar esses pedaços. Queria muito um trabalho que despertasse nos alunos o quão nocivo foi (e é!) o tipo de idéia e conduta defendida pela Alemanha nazista.

Só não consigo ainda encaixar... sugestões?

Seminário. Como? Qual abordagem?
Debate. Como? Qual abordagem?
Cartazes? Redações? Filmes home made? Teatro? (Hummm... teatro!) Música?

A cabeça gira, frita... as idéias fervilham... o desafio é crescente. Pirando - no bom sentido.

Professor de Língua Portuguesa. De Literatura. De Linguagem e de Comunicação.

Sobre a vida, então. E sobre a arte.

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quinta-feira, 15 de julho de 2010

Moloko Mesto

Capa de A-LEX (2009)

Este é um texto sobre o Sepultura cuja menção a formação clássica é uma só, e em tom nada lamurioso: a banda sobreviveu ao caos, recriou-se e está firme e forte. Os dois últimos discos, "Dante XXI" e "A-Lex" são excelentes, criativos e, mais importante, relevantes.
O primeiro, de 2006, baseia-se na "Divina Comédia", de Dante Alligheri. Pesado, rápido e com riffs matadores. Despedida de Igor Cavalera (me recuso a escrever com dois "g"!), mostra o grupo inspirado e a vontade com os temas (inferno, purgatório e céu). abordados na obra Dark Wood of Error, Convicted in Life (uma das melhores músicas da carreira do grupo), City of Dis, False, Ostia, Crowed and Mither... só porradão. A arte gráfica é muito bem feita, o encarte é caprichado...
Capa de DANTE XXI (2006)

Mas o objetivo deste texto é ater-se ao mais recente disco dos caras, "A-Lex", baseado no livro "Laranja Mecânica", de Anthony Burgess, que também virou filme nas mãos de Stanley Kubrick. De cara, o título muito bem sacado: "A-Lex", que é "sem lei" em Latim, é também o nome da personagem principal da obra, Alex DeLarge. Trocadilhos são sempre perigosos, mas este foi certeiro.
O Sepultura segue o padrão de "disco conceitual" estabelecido pelo rock progressivo ainda nos anos 70: dividiu a obra em partes (loucura, prisão, tratamento e redenção), cada uma apresentada por uma intro (A-Lex I, II, III e IV), todas muito legais. Desnecessárias? Não creio, pois realça a escolha estética da banda - contar uma história estruturando-a em partes. O que, como nos diz Forster, é o que um romance faz: contar uma história. Mas, vontando ao disco: se é que podemos chamar assim, este é o único traço conservador de "A-Lex".
Após a primeira intro, marcial, a pancadaria come solta no alucinante hardocre Moloko Mesto (a dobradinha também tem sido usada para abrir os shows da atual turnê), onde Alex convida seus amigos a participarem da festa, um "verdadeiro show de horrores". Aqui outra bola dentro da banda: aproveitar o "Nadsat", um idioma que mistura o russo, o inglês e o cockney (por exemplo, rozzer é polícia, drugo é amigo, chavalco é homem, moloko é leite, mesto é lugar), usado na obra. Alex é irreverente e abusa dos demais; justifica sua violência extrema e seus atos questionando o sistema corrompido e doente que vivemos. Este questionamento e até mesmo sua ironia irrompem na tribal "Filthy Rot", onde o Sepultura mais percussivo, da fase Chaos AD e Roots, aparece. Dela para a sinistra "We've Lost You", mais um destaque do álbum - e aqui não se pode deixar de falar de Derrick Green. O cara aguentou (e aguenta) um bocado por ter entrado na banda, mas é justo também dizer que muito do renascimento da banda passa por ele. A parceria com Andreas Kisser nas letras melhora a cada dia, e seu talento vocal, nunca negado mesmo pelas viúvas mais xiitas, é cada dia mais evidente. Se no "Dante XXI" ele opta pela gritaria desenfreada, opção, creio, devido a necessidade de retratar o inferno de Dante em pleno século XXI, neste disco sua voz está mais densa, grave, beirando o gutural em alguns momentos. Nesta "We've Lost You" ele tem uma das suas grandes performances desde sempre. De forma intensa sem deixar de ser claro (o que é raríssimo em vocallistas de thrash e death metal, para ficarmos nos tipos que usam este tipo de voz), manda de forma arrepiante passagens como "amor é um fracasso, ódio é apenas outra armadilha mortal", "mentir é justificar outra mentira que você adota como verdade" ou "morte é parte da vida como a paz é parte da guerra. Só preciso clarear minha mente para aprender os dois lados". Mas eis que a reviravolta na vida de Alex começa: ele é preso pelos agentes do mesmo sistema que ele odeia e escolheu viver a margem. E, sem perder a pose, confessa: "O que eu faço, faço porque gosto" (a rápida "What I Do"). Esta primeira parte é metal e hardcore, sem respiro.
"A-Lex II" nos indica que é hora do tratamento: "The Treatment" entra como uma locomotiva. Alex já dá os primeiros sinais do tormento que virá: "meu sangue é frio, perdi todo o meu controle. Só resta um pouco de mim". Daí "Metamorphosis", esses sinais avançam. O instrumental é preciso ao realçar a insanidade da personagem: a música é cadenciada, o começo sem peso ou distorção descamba para a pancadaria, mas não fica em um só andamento. Berra Alex (ou Derrick): "Eu não sou o homem que costumava ser. Sou alguma outra coisa, este não sou eu. Estou vivendo a minha própria metamorfose". Na faixa mais longa do disco, "Sadistic Values", outra amostra de como a banda tem saído da mesmice da maioria dos grupos de metal. Outro início lento, Derrick cantando de forma suave, subindo lentamente - outra performance teatral: Alex, aqui, se questiona o que ele fez para merecer tal agonia, até chegar a conclusão que valores sádicos o assombram. O "crescendo" do instrumental só nos faz embarcar no sofrimento da personagem, até a porradaria final. O assombro final de "Sadistic Values" confrontado com a cadência inicial de "Forceful Behavior" é outro grande momento do álbum - aliás, o trabalho de guitarra nesta música é muito bem feito. Andreas Kisser, outro que foi criticadíssimo, mesmo pelas suas escolhas "off-Sepultura", tem que ser elogiado: o cara é um monstro! Os timbres, as texturas, os arranjos... além de ser co-autor de todas as músicas. Aguentou calado e, adotando um clichê futebolístico, provou "no campo" o seu valor. Sozinho faz mais barulho que muita dupla ou trio de guitarristas aí. Sem perder qualidade artística. E aí reside a importância de Paulo Xisto Jr, que muita gente não percebe por ser óbvia demais: Andreas só consegue ser o que é, em estúdio e ao vivo, porque tem um baixista competente que segura os graves na cozinha.
A terceira parte é onde Alex se submete a tal experiência, "tratamento Ludovico": uma terapia experimental de aversão, desenvolvida pelo governo como estratégia para deter o crime na sociedade. O tratamento consiste em ser exposto a formas extremas de violência sob a influência de um novo soro, como ver um filme muito violento. Alex é incapaz de parar de assistir, pois seus olhos estão presos por um par de ganchos. Também é drogado antes de ver os filmes, para que associe as ações violentas com a dor que estas lhe provocam. A experiência é retratada em "The Experiment", cujo fim deixa claros os efeitos dela em Alex: "no choice, no more".
A vida após ser liberado do hospital, onde Alex recebe a vingança de alguns que outrora havia atormentado é retratada na ótima e pesada "Strike" - outro ponto alto de Derrick Green: "não sou líder dos meus atos, não escutou minha mente. Vivo uma vida no submundo. Estou tão f..."
Enough Said, e a constatação do caos: "se você não pode dizer o que quer dizer, então o que você diz não tem sentido". Esse tratamento o torna incapaz de qualquer ato de violência (nem mesmo em defesa própria), bem como de tocar uma mulher nua. Como efeito secundário, também não consegue ouvir a 9ª Sinfonia de Beethoven — que era sua peça favorita. Peça esta presente em "A-Lex", com o sugestivo nome de "Ludwig Van", que fecha a terceira parte, em que o Sepultura toca com uma orquestra de doze músicos regidos pelo maestro Alexei Kurkdjan.
"A-Lex IV" e outra pancada, "Paradox". Ao final do livro de Burgess, Alex é abandonado por todos e sua situação se reverte com a ajuda de uma das vítimas de sua crueldade. E a letra de "Paradox" realça esse contraditório: "a escolha de deixar o livre arbítrio de alguém para trás leva a menta a um explosivo paradoxo". As guitarras, na parte cadenciada, lembram muito o timbre de "Chaos AD", o que por si só já é um grande sinal - mas a faixa é ótima, um final a altura para um grande álbum. A mensagem final de Derrick fica como um aviso: "meu livre arbítrio morreu quando eles tomaram minha mente".
E outra vez o Sepultura caprichou na parte gráfica. O álbum é bonito mesmo, bem feito, a capa é ótima, composta a partir de diferentes elementos das esculturas de Kris Kuski.
Destaque ainda a estreia de Jean Dolabella em estúdio. Substituir Igor Cavalera não é para qualquer um, ainda mais depois da performance marcante, embora mais direta, de Igor em "Dante XXI". Sem jogar pra galera, Jean agregou muito à banda. Músico competente, bate muito forte ao vivo. Creditado como co-autor de todas as músicas, além do co-arranjador em "Ludwig Van". Segundo ele mesmo, o Sepultura escolheu trabalhar em um repertório estruturado com poucos refrões e solos. "Foi um processo natural, pois o repertório surgiu a partir de improvisações em estúdio durante três meses. Além disso, nós procuramos fugir dos clichês de estrutura de composição e não nos preocupamos com riffs, refrões e coisas do tipo". Ou seja: coragem e atitude. Condições necessárias para levar esta lenda da música pesada em frente.




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sexta-feira, 14 de maio de 2010

PAREM AS MÁQUINAS!!! (nas internas)

A Kerrang! deu capa e tudo. Será?

A Spin chama os caras de reis, é mole?

Até a Rolling Stone quer saber qualé!


Depois de falar tão mal da música contemporânea, alvíssaras: uma das bandas mais legais do século XXI parece que vai voltar!!! Trechos da reportagem, já traduzido:


"Um dos mais aguardados (embora ainda não concretizado) anúncios do mundo musical agitou a semana na Europa e nos Estados Unidos esta semana: os integrantes do multiplatinado Superunknwon têm mantido conversas para retorno - e não seria apenas para shows: um disco de estúdio estaria nos planos do trio. A notícia caiu como uma bomba nas milhares de comunidades e fóruns de discussão dedicados ao grupo, pois, segundo os mais ardorosos fãs, a banda teria gravado um disco duplo em 2004, que não teria sido lançado por problemas envolvendo a disputa entre gravadoras e empresários que acabou forçando a parada da banda. De qualquer forma, só o boato já vem aumentando especulações sobre turnês de verão (nota by Rover: no hemisfério norte, verão é em junho e julho).
Nossa redação entrou em contato com RR, guitarrista e vocalista do grupo, para esclarecimentos. RR não assegurou nada, porém não fugiu da raia ao ser perguntado sobre os boatos: "Tô sabendo disso agora, cara. Mas nunca escondi que seria grande estarmos juntos de novo". Sobre o fato de MT, baterista original do grupo, estar em tour com o Megatron: "Por mim é ok. Também toquei com o Megatron uns tempos (n. da r.: RR foi membro da banda por um mês, com guitarrista e backings, mas saiu antes do fim da turnê americana de 2007), se rolar mesmo de a gente se juntar, isso não será problema." Chances de uma reunião sem algum membro original? "Olha, sinceramente, não comecei estes boatos, nem conversamos sobre isso. Eu acho que seria legal, tocar pra essa garotada que não teve a chance de nos ver ao vivo. Mas, de novo, não há nada sobre isso. Nem MT, nem FS (baixista do grupo)... não conversamos sobre a banda há tempos. Mas, e isso é opinião minha, nós construímos essa lenda, então nós 3 é quem devemos escrever os próximos capítulos".
Ok, mas... e sobre o suposto disco nunca lançado? "Bem, sempre fomos muito trabalhadores em estúdio. De fato, temos material gravado. Só não sei se suficiente para um disco. Precisaríamos ouvir aquilo pra saber se está a altura da banda a ponto de ser lançado do jeito que está." Sobre ele, RR, não ter lançado nenhuma música desde o fim da banda: "O trabalho com literatura me tomou tempo. Escrevi coisas legais, conheci gente incrível. É tão intenso quanto tocar numa banda - mais calmo, mas muito intenso. Mas, confesso, sinto falta do barulho de uma guitarra. E o cenário musical tá muito ruim, não?" E encerra a conversa com aquela gargalhada que, esperamos, seja de quem está pronto para chacoalhar a cena de novo.
De lambuja, pedimos que RR falasse sobre algumas músicas ligadas a história da banda, e ele atendeu.


"Um dia, idos de 68, eu estava de papo com Jagger. Richards apareceu doidão, achando que a polícia estava atrás dele. Entrou correndo pedindo "abrigo". Mick respondeu, rindo: "Keith, you're gonna fade away". Eu tive um estalo: isso dá som! Mick escreveu a letra ali mesmo, na sala de casa. Fantástico."


"Após uma noite bebendo em Paris, uma banda muito ruim subiu ao palco e tocou - mas os moleques estavam se achando. Chris (Cornell), cínico como sempre, falou que o rock tinha morrido, que o "fogo original estava morto". E eu, bêbado, emendei: "É, mas o conflito interior continua". Rimos e fizemos a letra ali no guardanapo mesmo. Não quis os créditos porque falei umas 02 frases, no máximo".


"Outra com o Cornell. Dessa vez junto com o MT, que havia brigado com a namorada. MT queria algo que mostrasse para a garota que ela era importante. Aí o Cornell manda: fala pra ela que você não é a roda que a leva, mas sim a própria estrada. Meses depois, ouvindo o disco do Audioslave, ele quase caiu pra trás. Rimos muito disso..."


Essa não teve a ver com a letra; mas o riff surgiu de uma brincadeira que eu e Page costumávamos fazer desde a época dos Yardbirds. Aliás, Page me chamou pra tocar nos Y'Birds, mas achei que aquilo não ia pra frente e fiquei na minha.


Eu e Eddie Cochran éramos muito amigos, nos divertíamos muito mesmo... quando eu arrumei um trampo, logo após o primeiro pagamento, eu entrei na casa dele berrando o que viriam a ser os primeiros versos: "Bem, vamos todos juntos essa noite. Eu tenho grana no meu jeans e quero gastá-la direito." Ele musicou ali, no ato.




Dois sons do Pearl Jam que a gente ajudou na pré produção.


Os Beatles tocaram esse som do Ray Charles na BBC de tanto eu encher o saco do John! E ficou do cacete!


Não sobre essa música em especial, mas toda vez que a gente encontrava os caras do Who um de nós fingia ser um menino surdo-mudo que tocava air guitar. Um dia, doidão de ácido, o Pete veio com a história de pinball e tal. A gente achou estranho, mas... bem, Tommy é um clássico, caramba!


Um dia eu liguei pro Chris no meio da noite, porque tentei falar com ele o dia todo e sabia que ele estava mal. Ele me disse que havia "caído em dias negros". Nós ficamos até quase de manhã no telefone. No dia seguinte, ele tocou esse som pelo viva voz. Fiquei emocionadíssimo.


TODO ensaio do Grand Funk era uma piração sem tamanho! De tanto eu berrar "faz essa porra direito", a gente acabou tirando sarro e saiu isso. Farmer veio com o som dias depois, gravaram em um take só. Bêbados.

(Enfim, parece que eles vão tocar algo assim, e algumas inéditas que MT tem com ele. Vamos aguardar o desenrolar...)

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segunda-feira, 10 de maio de 2010

Beggars Banquet - ou "e o rock está asséptco e pasteurizado"


Rolling Stones é foda. E Beggars Banquet, de 68, prova isso de maneira irrefutável (como se ainda alguém precisasse de prova...). Em um disco eminentemente acústico, gravado há 42 anos, eles conseguem soar mais relevantes que praticamente TODA música contemporânea. E olha que o "praticamente" só vai ali porque eu não conheço tudo. Com alguma relevância e coerência só artista com mais de 14 anos de carreira - coisa que os Stones não tinham em 1968. Mais relevantes, mais agressivos, mais perigosos... até mesmo mais pesados (se você acha que peso é "vocal gutural e afinação baixa", este texto não é pra vc. Nem este blog, aliás). Mas enrolo muito e não vou ao ponto. É um disco impressionante. E xodó desde a primeira hora. Tem Sympathy for the Devil, onde explicitaram o que só Robert Johnson teve coragem: explicitar a conversa do rock (blues, no caso do mestre Robert) com o capiroto. Percussão de macumba (reza a lenda que a canção foi escrita num retiro da dupla Jagger-Richards aqui no Brasil), letra em primeira pessoa testemunhando acontecimentos que só poderiam ter o dedo do tinhoso. O blues melancólico em No Expectations, onde não só a letra é triste, mas a música também: o violão marcadíssimo, o slide que parece um choro mesmo, o piano ponteando... contando a história do cara que não tem expectativa de passar por ali depois da desilusão que tivera. Dear Doctor, o chifre mais engraçado do rock, narrado na forma de um blues caipira divertido se não fosse trágico. Parachute Woman e Jagger pedindo pra ela pousar nele esta noite, mais a folia adolescente de Stray Cat Blues - com Jagger urrando e apostando que "sua mão não sabe que você morde assim", ou "como você arranha minhas costas" (os Stones sempre foram sexuais). O bom humor de Jigsaw Puzzle à seriedade gospel com o sermão Prodigal Son (tocado num violão arregaçante!). Aliás, Keith Richards esculacha neste disco. Debulha o violão do começo ao fim. Com Brian Jones cada vez mais distante do núcleo criativo da banda, Mr. Richards assume as 02 guitarras e destrói. O lado working class (estamos em 68, não se esqueçam) com Factory Girl e Salt of the Earth ("let's drink to the hard working people"), com direito a bandolim na primeira e coral na segunda. Mas deixei pro final a apoteose: Street Fighting Man. É o rock convocando à revolução! É o chamado! E postei tudo isso sobre este discaço pra chegar aqui: se em 68 Jagger cantava "What can a poor boy do, except for singing in a rock and roll band?", hoje isso se perdeu. O rock está asséptico, glamourizado, previsível e mainstream; virou, quem diria, música do sistema (tão longe da estúpida e racista, porém de inegável charme bandido pra época, "música de empregadas e de negros"). Triste constatação, mas o rock se tornou, melancolicamente, tudo aquilo que ele nasceu pra combater (impossível esquecer do clássico do Soundgarden, Fell on Black Days: "whatsoever I fought off, became my life!"). Hoje os garotos pobres (garotos em geral) estão cada vez mais distantes do rock - porque o que chamam de rock só um ignorante pode aceitar como tal. Um mundo onde o rock se divide entre artistas fabricados pela Disney e nerds metidos a besta, não há rock. E nem falo de revolução não - lutar pelo quê? Falo de qualidade musical. Falo de gente que toque ao vivo sem querer ser afetada. Nos dias de hoje, um disco como esse é praticamente impossível. Azar de quem passa batido, né não?










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domingo, 9 de maio de 2010

Ensinando e cantando e seguindo

Tired and busy... a not-so-new life of Rover.

Assustador como essa geração não quer saber de cultura. De tipo nenhum. Essa geração internet ocupa seu tempo fuçando a vida dos outros e trancada em seus limites. Não ousa, não voa, não questiona. Aviso: estamos criando uma geração de gente medíocre e facilmente manipulável - no pior sentido da palavra. E isso me assusta sobremaneira, porque sou pai e educador. Mas, enfim, o pior não é isso. O pior é que eles são resistentes, têm a mente fechada e (good Lord!) são imensamente preconceituosos. Beiram a agressividade - mas aí já é mais um sintoma da ignorância. Não que eu seja um gênio ou alguém muito culto, longe disso. Mas sempre fui aberto a procurar e conhecer coisas novas. Sempre quis saber mais. Sempre estive ciente de que poderia ser mais e saber mais. E, com 34 anos, ainda me sinto assim. Outsider, gauche, beat. Como na música dos Secos & Molhados: "não há possibilidade de viver com essa gente... nem com nenhuma gente."
E acaba que encaro a docência e o trabalho com educação como um sacerdócio (haha). Usar as matérias para falar sobre coisas e assuntos que não são do mundo dessa galera. Mostrar caminhos, ser influência mesmo. Fecho com T. S. Elliot em "A Essência da Poesia" (editora Artenova, 1972), p.36: "Deveria haver sempre uma pequena vanguarda de pessoas, apreciadoras de poesia, independentes, e de alguma forma avançadas em relação a seu tempo, ou prontas a assimilar as novidades mais rapidamente. O desenvolvimento da cultura não significa trazer todos para as primeiras linhas, o que seria apenas fazer com que todos marcassem passo: significa a manutenção de uma elite, com a grande e mais passiva maioria dos leitores não mais distantes dela do que uma geração ou pouco mais. As modificações e desenvolvimentos de sensibilidade que poucos revelam a princípio acabarão insinuando-se gradualmente na língua, através da influência desses poucos nos outros." Claro que Elliot é radical e, num mundo onde tudo acontece em tempo real, "uma geração ou pouco mais" é realmente muito tempo. Anyway, a essência é essa. É um pensamento elitista? Provavelmente. Mas eu realmente acredito que exista alta e baixa cultura. E, de novo, não que eu seja somente apreciador da alta cultura, ou apenas ou que eu gosto é que seja bom (ISSO SIM seria elitismo) - também adoro minhas besteirinhas, que sei serem apenas... besteirinhas. Mas quero ser uma alternativa para os alunos que querem fugir do rebolation ou das novelas da globo. Indicar um caminho sem juízo de valor - apenas diferente. Oxigenar a mente da garotada. Pode ser uma gota no oceano - mas nunca quis ser maioria mesmo.
Tenho trabalhado coisas tão absurdas em sala de aula como Soundgarden, Carlos Drummond, Bruce Springsteen, Fernando Pessoa, Oasis, Chico Sciente, João Cabral, Audioslave, Edward Foster, Gregório de Mattos... let's go crazy, fellas.

Uma das que eu mais gosto de usar em aula. Puro feeling. Quando a galera viaja junto, é de emocionar. Go, Boss!

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terça-feira, 6 de abril de 2010

It's alive


Este blog não morreu - ainda. Rover está sem internet, por isso o descaso. Muita coisa vindo... Don't leave on my own, diria Chris Isaak! Cheers... Rover

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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Dos clássicos e da literatura. E da poesia. E Drummond!

- Você vai trabalhar Capitães de Areia no nono ano do ensino fundamental? Os alunos não têm preparo inteletctual pra isso!
- É mesmo, Rover! Imagina: Contos do Machado de Assis, Alice no País das Maravilhas... não dá! É só pra se dizer chique. Imagina só...
- Pois eu acho legal. O aluno deve ser apresentado às grandes obras o quanto antes.

...

Eu também acho. Legal, ousado e importante. Só senti falta de Clarice Lispector (quanto tempo perdido, pq não li antes?!). Na poesia, colocaria Drummond no lugar de Manoel Bandeira - ou, em tempos de aquecimento global, João Cabral (mas O Rio, não Morte e Vida).
Aqui uma correção - ou por outra: um acerto de contas com a minha própria história. O primeiro grande poeta, pra mim, foi Drummond. Depois dele, me encantei com Baudelaire. Depois, meu período punk me fez negar tudo (ó, se arrependimento matasse...). Retornei à poesia por João Cabral, Manoel Bandeira foi uma inspiração para esse blog (juntamente com Fernando Pessoa, outra piração: explicação neste post). Pirei com Gregório de Mattos. T. S. Eliot, Ezra Pound - mais pela crítica, embora a poesia de ambos me fascine. Mario Faustino, por indicação do Reinaldo Azevedo. Murilo Mendes, Fabrício Carpinejar, o velho e o moço. E volto à Drummond, pleno de poesia. Lendo o inncrivelmente belo estudo do Affonso Romano de Santana, "Drummond, o Gauche no Tempo". E eu, que sempre me achei outsider em meio a tudo, me descobri gauche. Obrigado, poesia.

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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Little Talk

Tradução e comentários (linguísticos, não opinativos) sobre a vitória de Avatar no Globo de Ouro, retirado da BBC, lá no Little Talk. Check it out!

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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Hey, happy new year! 1-2-3-4...

Hey you! Não, não acabou - eis o Seleta de Prosa 2010, hohoho... firme, depois de um período de muita reflexão e até mesmo ansiedade, com o blog respirando por aparelhos, vamo-q-vamo, pq esse ano promete ser do cacete - em tudo: correria, leituras, desafios e, pq não dizer, conquistas.

Engraçado depois de um post como este voltar dizendo que agora sou professor de literatura também. Oportunidade fantástica, entrando numa barca onde muito bamba já navegou. Chance de desenvolver um trabalho sensacional, de trabalhar autores que adoro: Elliot, Friedman (o Norman, não o Milton), Brait, Ligia Chiappini, E. M. Forster... esses só na parte de compreensão literária. Trabalhar poesia como nunca fiz: Drummond, Quintana, João Cabral... trabalhar Clarice com Arnaldo Antunes, Machado com Luiz Puntel, Eça com Marcos Rey... autores que adoro, admiro ou ambos. Ou seja, um desafio muito interessante e complexo. 2010 começou promentendo...

... como acabou 2009! Flamengaço Campeoníssimo Brasileiro - bola essa que eu já tinha cantado como possível aqui, a despeito de muitos gatos mestres torcerem (torcerem mesmo!) contra. Rá!

Anunciando ainda que agora mantenho um blog no portal Educacional (
http://blog.educacional.com.br/littletalk/), mais voltado pro ensino de língua inglesa. Mas, como é um blog by Rover, discussões e elucubrações em geral também estão na pauta. Acessem então o Little Talk.

Título do post, Ramones (na verdade, uma passagem do fantástico It's Alive, de 77). Drops curtinhos e diretos, no melhor estilo Ramones. Então, encerremos o post com... Ramones. Take it, Dee Dee or CJ!



PS: Tinha decidido postar a versão de Rockaway Beach, do It's Alive, mas achei uma das primeiras matérias decentes que vi na vida sobre os Ramones (I love you, youtube!), no Som Pop, do grande Kid Vinil, em 1991! Uma versão alucinante de Rockaway Beach emendando com Pet Sematary, no extinto Dama Xoc, em SP. Por razões sentimentais, fica essa. Hey, ho! Let's go! Gabba Gabba Hey!

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sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

I've been working from 7 to 11 every night

Eu respiro música, mesmo. Quando não estou vendo-ouvindo-tocando estou marcando tempo com as mãos, pernas, pés ou mesmo com a mandíbula (tique que a minha família não se farta de rir a respeito). A minha relação com a música é um negócio muito louco. Então eu sou daqueles que, em determinado período, tem uma música que resumo o estado de espírito deste período em particular. Seja pelo ritmo, pela letra, ou ambos. "I Just Wanna Have Something To Do" e "Cretin Hop", dos Ramones. "Fell On Black Days", Soundgarden. Um monte dos Beatles ("She's So Heavy", "Tomorrow Never Knows", "Loser"), dos Stones ("Can You Hear Me Knocking", "Monlight Mile", "Tumbling Dice", "Love In Vain", "Stray Cat Blues"). Nacionais também, "Carne de Pescoço", do Barão. "Diversão", dos Titãs. Até Engenheiros ("Desde Quando", "Nunca Se Sabe"). Paralamas ("Quase Um Segundo")... enfim, a lista é longa. Dá pra escrever a minha biografia só por esses sons.

Então rola que eu sou um (cada dia mais) apaixonado por blues e tenho trabalhado pra caramba e adoro Led Zep - que já foi minha obcessão com "In My Time Of Dying", "In The Light", "How Many More Times", "Rain Song", etc. A bola da vez é a estupenda "Since I've Been Loving You". E merece um post pq poucas vezes o ritmo E a letra resumiram tão bem meu estado de espírito. Claro, não toda letra pq, quero crer, não tenho sido, creio, "o melhor dos idiotas", que é enganado pela mulher que "não me quer nenhum bem". Sigamos.

Primeiro, um puta blues marcado, lento, sofrido mesmo. Exalando sexo, até mesmo pela performance da banda (o Zep era uma das bandas mais sexuais, no sentido heterossexual da coisa). E uma letra que fala de um cara que não tem tempo pra nada, que trabalha pra cacete (das 07 às 11!) e sofre com essa história toda, pq não vê muita saída não. Pois então, caríssimos, eis o roteiro do meu longa metragem que deu origem à série. Tenho trabalhado ("trabalhado não: dado aula"), basicamente, das 07h às 22h30, até chegar em casa dá 23h - ou seja, I've been working from seven to eleven every night. And it really makes life a drag - I don't think thats right... Vamos à letra:

"Since I've Been Loving You"
(Page / Plant / Jones)

I've been working from seven to eleven every night,
It really makes life a drag, I don't think that's right.
I've really, really been the best of fools, I did what I could. '
Cause I love you, baby, How I love you, darling, How I love you, baby, How I love you, girl, little girl.

But baby, Since I've Been Loving You.
I'm about to lose my worried mind, oh, yeah.
Everybody trying to tell me that you didn't mean me no good.
I've been trying, Lord, let me tell you, Let me tell you I really did the best I could.

I've been working from seven to eleven every night,
I said It kinda makes my life a drag. Lord, that ain't right...

Since I've Been Loving You,
I'm about to lose my worried mind.

Said I've been crying, my tears they fell like rain,
Don't you hear, Don't you hear them falling, Don't you hear, Don't you hear them falling.

Do you remember mama, when I knocked upon your door?
I said you had the nerve to tell me you didn't want me no more, yeah
I open my front door, hear my back door slam,
You must have one of them new fangled back door man.

I've been working from seven, seven, seven, to eleven every night,
It kinda makes my life a drag...

Baby, Since I've Been Loving You,
I'm about to lose, I'm about lose to my worried mind.

Vou traduzir com tempo - agora tenho que voltar pra sala de aula, oh good lord... mas não deixo vcs na mão: segue a versão de 73, deliciosa.

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sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Literárias

Me espanta muito que a matéria literatura não empolgue estudantes. Mas o espanto diminui à medida em que lembro que esse desinteresse não é de hoje. Esse modo frio de ensinar é que não cativa ninguém. Literatura não é decoreba! E, a despeito de bons professores com quem tenho falado, a matéria acaba sendo daquelas que o aluno simplesmente não gosta.
Essa coisa de associar gêneros literários (períodos), com datas; associar uma ou outra característica e tomar uma obra (duas, as vezes) pra ser lida, simplesmente esgota. Literatura é PRAZER, não é ciência. O material (e aqui também falo de Língua Inglesa, matéria que tenho lecionado) é ridículo. Estudar literatura sem entender o contexto de cada época é tentar cavar o impossível. Serão apenas textos lidos em linguagem distante, sem razão de ser, datados e sem importância.
Como ler e entender Camões sem entender a ascenção e consolidação do Cristianismo em Portugal?
Como apreciar a odisséia do Rei Arthur sem entender que ela representa a transição da Bretanha pagã para a Bretanha Cristã?
Como ler e entender Beowulf sem entender que este foi o primeiro registro literário em língua inglesa, que já definia o arquétipo do herói, tão bem estruturado por Joseph Campbell?
Como ler e entender o realismo, um Madame Bovary, por exemplo, sem ver que este livro é uma negação da estética romântica - da temática adúltera do amor impossível até o vômito final da heroína?
Como ler Machado de Assis sem considerar todos os fantasmas que o atormentaram por ser pobre e negro?
Como ler o Monteiro Lobato de Urupês sem entender a economia brasileira, notadamente a paulista, da primeira metade do século XX? Idem para um Mário de Andrade - sem entender o contexto crítico das obras dos modernistas (leiam o conto "Primeiro de Maio", ou "Peru de Natal", fantásticos!)?
Como ler a sátira e a crítica de um Lima Barreto sem entender o cenário político do século XIX, em especial no Rio de Janeiro?
Como ler um livro como O Cortiço ou mesmo O Ateneu sem captar as referências (de Emile Zola até a cultura latina, presente desde os nomes do personagens até a paisagem)?
Como ler F. Scott Gerald sem entender o espírito empreendedor do americano e em especial a efervescência política e cultural que os EUA viviam na chamada era do jazz?
Como ler um João Cabral de Melo Neto sem entender a geografia, os costumes e a distribuição populacional do sertão do nordeste brasileiro?
Como ler Fernando Pessoa sem captar as referências a Portugal, sem entender o que ele queria de cada heterônimo, sem entender os jogos de palavra fartamente distribuídos em seus versos?
Depois de tudo isso (muita coisa já abordada em posts neste blog), não dá pra pensar nesse ensino de literatura de apostila, com exercícios imbecis. O ensino de literatura tem que causar vontade de ler, tem que captar leitores - e não o contrário.

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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Ah, Flamengo...

É por isso que eu te amo, Flamengo.



Em clima de “deixou chegar, um abraço!” Vamo lá que dá, nação!

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terça-feira, 6 de outubro de 2009

É só o amor que eu respiro, baby

Ser professor é um sacerdócio. E esta frase um clichê, ok. Mas sair do ensino técnico, com uma proposta livre, talvez até por não ser uma proposta, em termos absolutos, te leva a um certo desconforto do tipo "o que será que vem?", insegurança, frio na barriga. Aliado ao fato de, em tese, quem está numa escola técnica está PORQUE QUER, ninguém o obriga estar ali. Ainda a questão da liberdade de atuação em sala de aula e uma boa dose de maturidade na relação professor - aluno. Com tudo isso, ir lecionar em um colégio, onde até os lugares são determinados pela direção, é algo que tem me ocupado a cabeça direto - por mais que tenha sido algo que tenha batalhado muito e que esteja me deixando feliz, embora beeem cansado. Esta adaptação exige muito - física e mentalmente; cada aula é atuar 50 minutos muito próximo do seu limite, não tem o que dosar: é pancada atrás de pancada, porque dali você sai para outra sala, e dali para outra, e vai-q-vai-q-vai. Não sei ainda até onde chegar, como usar recursos e mediações diferenciadas sem prejudicar o conteúdo (embora tenha o sentimento que vá até ajudar), e a cobrança (de alunos, pais e da própria escola) é imensa. Acredito ter criado empatia com a maioria das turmas, o que é bom. Por outro lado, é muito complicado, visto eles estarem ali, aprendendo aquele conteúdo, praticamente forçados. Tem gente que detesta inglês. Tem gente que nem liga pra inglês. Tem gente que não liga pra nada. Misturados aos que gostam, aos que querem algo, que sabem o que querem - justiça seja feita, número alto entre os estudantes. E esse povo tá todo junto, nas mesmas salas. Mas de uma coisa eu tenho certeza: vencerei. É difícil, mas nunca achei que fosse fácil. Mas também é muito gostoso - call me crazy, if you want.
Sing along: I know, it's only English class. But I like it, like it. (yes, I do!)

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quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Não ia postar nada...

...mas ISTO é zenzazional, hahaha!

Aliás, o blog inteiro é muito bom.

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