sábado, 29 de dezembro de 2007

O Conselheiro Aires

Toda vez que há forte empatia com determinada obra, o próximo passo via de regra é você querer conhecer mais sobre o artista. É uma relação não sei se natural, mas comum, ao menos, asseguro que sim. Os paparazzi estão aí pra não me deixar mentir. Mas não era disso q eu ia falar. Era de uma relação minha deste tipo, em particular com Machado de Assis.
Quando assimilei mais e melhor as peculiaridades e o gênio literário do bruxo, passei a me interessar por sua biografia. Pra minha professora de literatura que acha "estupidez" associar obra e biografia, pergunto: o que fazer com a obra machadiana, repleta de citações, situações e fantasmas intensamente autobiográficos? Estudar a vida de Machado e como era o Brasil do século XIX torna a leitura de suas obras um delicioso exercício de reflexão, com um conseqüente, diria até inevitável, aprendizado. Quero crer que esta associação permite maior e melhor leitura de todo clássico literário, mas sigamos com nosso escritor maior.
Dois parágrafos pra, neste terceiro, começar realmente: li Memorial de Aires, último livro escrito por Machado de Assis. E de tudo que li SOBRE o livro antes da leitura, algumas palavras permanecem depois de tê-lo lido: poesia tranqüila, homenagem, amor. Eis um livro fartamente biográfico, porque um gênio ímpar como Machado não seria mesmo convencional: em vez de bio ou autobio grafia, escolhe a forma de memorial, estruturado como notas diárias, embora sem freqüência, de observações e impressões. Mas a grande sacada, o que, sem evitar o clichê, faz a gente ainda pirar com Machado de Assis é que as impressões de Aires, seu alter-ego, remetem à passagens distintas da vida do próprio Machado, notadamente um tributo à sua falecida esposa Carolina, com quem fora casado e intensamente feliz por 35 anos: o casal Aguiar era a cumplicidade, o conforto e o amor na serenidade da velhice; Tristão e Fidélia são os jovens apaixonados Machado e Carolina - páro aqui para deixar as demais descobertas a cargo de quem se aventurar a ler o Memorial.
Impressiona a lucidez de raciocínio, a lógica e a discrição do Conselheiro. É como Machado, já consagrado gênio e deveras vivido, sem grandes ambições após a morte da esposa amada, se limitasse a observar o que acontece em volta, maquinando aqui e ali como contribuir para a felicidade de quem lhe inspire afeto - ciente de suas virtudes e suas limitações sem se gabar ou lamentar por cada uma. Eis um livro cheio de amor: sereno, ciente de seu lugar e tamanho, mas ainda assim belíssimo. Possui uma narrativa leve, mas que exige um bocado mais de concentração, pq o Conselheiro não se prende exatamente à ordem cronológica dos fatos. O leitor menos atento pode achar o livro repleto de personagens planas, mas não se engane: a sua maneira, cada um tem seu componente dramático que, direta ou indiretamente, contribui para o andamento da obra ser como é. Contribui para o devido desenrolar dos fatos. E narrador vai sendo literalmente testemunha dos fatos que narra, causando empatia pela sua prudência e serenidade.
Antes disse que a lucidez impressiona, e reforço. Machado começou a escrever o livro em 1907 - vinha a falecer um ano depois, com 68 anos; convém notar que após a morte de Carolina, em 1904, já vinha definhando fisicamente de forma acentuada. Ainda assim, a perspicácia da visão, a clareza em enxergar a alma humana, a profundidade de certas passagens, as observações sobre certos momentos de sua própria vida torna Memorial de Aires um livro memorável, melancólico; pleno de beleza e poesia.

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sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

meus sais...

Se acha um loser? O mundo é injusto com você? Imagina, deixa disso. Relaxe com o roteiro de férias de Ana Maria Braga segundo a própria, em seu blog:

"A partir de fevereiro eu estarei em Angra dos Reis passeando de barco, depois embarco para a Itália, onde estreio a minha cidadania italiana, que saiu em novembro depois de 10 anos, e encerro as férias com um tour pela Ásia. Março estou de volta, descançada, e ao vivo."

Oh, Lord. Why?

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