sexta-feira, 14 de maio de 2010

PAREM AS MÁQUINAS!!! (nas internas)

A Kerrang! deu capa e tudo. Será?

A Spin chama os caras de reis, é mole?

Até a Rolling Stone quer saber qualé!


Depois de falar tão mal da música contemporânea, alvíssaras: uma das bandas mais legais do século XXI parece que vai voltar!!! Trechos da reportagem, já traduzido:


"Um dos mais aguardados (embora ainda não concretizado) anúncios do mundo musical agitou a semana na Europa e nos Estados Unidos esta semana: os integrantes do multiplatinado Superunknwon têm mantido conversas para retorno - e não seria apenas para shows: um disco de estúdio estaria nos planos do trio. A notícia caiu como uma bomba nas milhares de comunidades e fóruns de discussão dedicados ao grupo, pois, segundo os mais ardorosos fãs, a banda teria gravado um disco duplo em 2004, que não teria sido lançado por problemas envolvendo a disputa entre gravadoras e empresários que acabou forçando a parada da banda. De qualquer forma, só o boato já vem aumentando especulações sobre turnês de verão (nota by Rover: no hemisfério norte, verão é em junho e julho).
Nossa redação entrou em contato com RR, guitarrista e vocalista do grupo, para esclarecimentos. RR não assegurou nada, porém não fugiu da raia ao ser perguntado sobre os boatos: "Tô sabendo disso agora, cara. Mas nunca escondi que seria grande estarmos juntos de novo". Sobre o fato de MT, baterista original do grupo, estar em tour com o Megatron: "Por mim é ok. Também toquei com o Megatron uns tempos (n. da r.: RR foi membro da banda por um mês, com guitarrista e backings, mas saiu antes do fim da turnê americana de 2007), se rolar mesmo de a gente se juntar, isso não será problema." Chances de uma reunião sem algum membro original? "Olha, sinceramente, não comecei estes boatos, nem conversamos sobre isso. Eu acho que seria legal, tocar pra essa garotada que não teve a chance de nos ver ao vivo. Mas, de novo, não há nada sobre isso. Nem MT, nem FS (baixista do grupo)... não conversamos sobre a banda há tempos. Mas, e isso é opinião minha, nós construímos essa lenda, então nós 3 é quem devemos escrever os próximos capítulos".
Ok, mas... e sobre o suposto disco nunca lançado? "Bem, sempre fomos muito trabalhadores em estúdio. De fato, temos material gravado. Só não sei se suficiente para um disco. Precisaríamos ouvir aquilo pra saber se está a altura da banda a ponto de ser lançado do jeito que está." Sobre ele, RR, não ter lançado nenhuma música desde o fim da banda: "O trabalho com literatura me tomou tempo. Escrevi coisas legais, conheci gente incrível. É tão intenso quanto tocar numa banda - mais calmo, mas muito intenso. Mas, confesso, sinto falta do barulho de uma guitarra. E o cenário musical tá muito ruim, não?" E encerra a conversa com aquela gargalhada que, esperamos, seja de quem está pronto para chacoalhar a cena de novo.
De lambuja, pedimos que RR falasse sobre algumas músicas ligadas a história da banda, e ele atendeu.


"Um dia, idos de 68, eu estava de papo com Jagger. Richards apareceu doidão, achando que a polícia estava atrás dele. Entrou correndo pedindo "abrigo". Mick respondeu, rindo: "Keith, you're gonna fade away". Eu tive um estalo: isso dá som! Mick escreveu a letra ali mesmo, na sala de casa. Fantástico."


"Após uma noite bebendo em Paris, uma banda muito ruim subiu ao palco e tocou - mas os moleques estavam se achando. Chris (Cornell), cínico como sempre, falou que o rock tinha morrido, que o "fogo original estava morto". E eu, bêbado, emendei: "É, mas o conflito interior continua". Rimos e fizemos a letra ali no guardanapo mesmo. Não quis os créditos porque falei umas 02 frases, no máximo".


"Outra com o Cornell. Dessa vez junto com o MT, que havia brigado com a namorada. MT queria algo que mostrasse para a garota que ela era importante. Aí o Cornell manda: fala pra ela que você não é a roda que a leva, mas sim a própria estrada. Meses depois, ouvindo o disco do Audioslave, ele quase caiu pra trás. Rimos muito disso..."


Essa não teve a ver com a letra; mas o riff surgiu de uma brincadeira que eu e Page costumávamos fazer desde a época dos Yardbirds. Aliás, Page me chamou pra tocar nos Y'Birds, mas achei que aquilo não ia pra frente e fiquei na minha.


Eu e Eddie Cochran éramos muito amigos, nos divertíamos muito mesmo... quando eu arrumei um trampo, logo após o primeiro pagamento, eu entrei na casa dele berrando o que viriam a ser os primeiros versos: "Bem, vamos todos juntos essa noite. Eu tenho grana no meu jeans e quero gastá-la direito." Ele musicou ali, no ato.




Dois sons do Pearl Jam que a gente ajudou na pré produção.


Os Beatles tocaram esse som do Ray Charles na BBC de tanto eu encher o saco do John! E ficou do cacete!


Não sobre essa música em especial, mas toda vez que a gente encontrava os caras do Who um de nós fingia ser um menino surdo-mudo que tocava air guitar. Um dia, doidão de ácido, o Pete veio com a história de pinball e tal. A gente achou estranho, mas... bem, Tommy é um clássico, caramba!


Um dia eu liguei pro Chris no meio da noite, porque tentei falar com ele o dia todo e sabia que ele estava mal. Ele me disse que havia "caído em dias negros". Nós ficamos até quase de manhã no telefone. No dia seguinte, ele tocou esse som pelo viva voz. Fiquei emocionadíssimo.


TODO ensaio do Grand Funk era uma piração sem tamanho! De tanto eu berrar "faz essa porra direito", a gente acabou tirando sarro e saiu isso. Farmer veio com o som dias depois, gravaram em um take só. Bêbados.

(Enfim, parece que eles vão tocar algo assim, e algumas inéditas que MT tem com ele. Vamos aguardar o desenrolar...)

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segunda-feira, 10 de maio de 2010

Beggars Banquet - ou "e o rock está asséptco e pasteurizado"


Rolling Stones é foda. E Beggars Banquet, de 68, prova isso de maneira irrefutável (como se ainda alguém precisasse de prova...). Em um disco eminentemente acústico, gravado há 42 anos, eles conseguem soar mais relevantes que praticamente TODA música contemporânea. E olha que o "praticamente" só vai ali porque eu não conheço tudo. Com alguma relevância e coerência só artista com mais de 14 anos de carreira - coisa que os Stones não tinham em 1968. Mais relevantes, mais agressivos, mais perigosos... até mesmo mais pesados (se você acha que peso é "vocal gutural e afinação baixa", este texto não é pra vc. Nem este blog, aliás). Mas enrolo muito e não vou ao ponto. É um disco impressionante. E xodó desde a primeira hora. Tem Sympathy for the Devil, onde explicitaram o que só Robert Johnson teve coragem: explicitar a conversa do rock (blues, no caso do mestre Robert) com o capiroto. Percussão de macumba (reza a lenda que a canção foi escrita num retiro da dupla Jagger-Richards aqui no Brasil), letra em primeira pessoa testemunhando acontecimentos que só poderiam ter o dedo do tinhoso. O blues melancólico em No Expectations, onde não só a letra é triste, mas a música também: o violão marcadíssimo, o slide que parece um choro mesmo, o piano ponteando... contando a história do cara que não tem expectativa de passar por ali depois da desilusão que tivera. Dear Doctor, o chifre mais engraçado do rock, narrado na forma de um blues caipira divertido se não fosse trágico. Parachute Woman e Jagger pedindo pra ela pousar nele esta noite, mais a folia adolescente de Stray Cat Blues - com Jagger urrando e apostando que "sua mão não sabe que você morde assim", ou "como você arranha minhas costas" (os Stones sempre foram sexuais). O bom humor de Jigsaw Puzzle à seriedade gospel com o sermão Prodigal Son (tocado num violão arregaçante!). Aliás, Keith Richards esculacha neste disco. Debulha o violão do começo ao fim. Com Brian Jones cada vez mais distante do núcleo criativo da banda, Mr. Richards assume as 02 guitarras e destrói. O lado working class (estamos em 68, não se esqueçam) com Factory Girl e Salt of the Earth ("let's drink to the hard working people"), com direito a bandolim na primeira e coral na segunda. Mas deixei pro final a apoteose: Street Fighting Man. É o rock convocando à revolução! É o chamado! E postei tudo isso sobre este discaço pra chegar aqui: se em 68 Jagger cantava "What can a poor boy do, except for singing in a rock and roll band?", hoje isso se perdeu. O rock está asséptico, glamourizado, previsível e mainstream; virou, quem diria, música do sistema (tão longe da estúpida e racista, porém de inegável charme bandido pra época, "música de empregadas e de negros"). Triste constatação, mas o rock se tornou, melancolicamente, tudo aquilo que ele nasceu pra combater (impossível esquecer do clássico do Soundgarden, Fell on Black Days: "whatsoever I fought off, became my life!"). Hoje os garotos pobres (garotos em geral) estão cada vez mais distantes do rock - porque o que chamam de rock só um ignorante pode aceitar como tal. Um mundo onde o rock se divide entre artistas fabricados pela Disney e nerds metidos a besta, não há rock. E nem falo de revolução não - lutar pelo quê? Falo de qualidade musical. Falo de gente que toque ao vivo sem querer ser afetada. Nos dias de hoje, um disco como esse é praticamente impossível. Azar de quem passa batido, né não?










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domingo, 9 de maio de 2010

Ensinando e cantando e seguindo

Tired and busy... a not-so-new life of Rover.

Assustador como essa geração não quer saber de cultura. De tipo nenhum. Essa geração internet ocupa seu tempo fuçando a vida dos outros e trancada em seus limites. Não ousa, não voa, não questiona. Aviso: estamos criando uma geração de gente medíocre e facilmente manipulável - no pior sentido da palavra. E isso me assusta sobremaneira, porque sou pai e educador. Mas, enfim, o pior não é isso. O pior é que eles são resistentes, têm a mente fechada e (good Lord!) são imensamente preconceituosos. Beiram a agressividade - mas aí já é mais um sintoma da ignorância. Não que eu seja um gênio ou alguém muito culto, longe disso. Mas sempre fui aberto a procurar e conhecer coisas novas. Sempre quis saber mais. Sempre estive ciente de que poderia ser mais e saber mais. E, com 34 anos, ainda me sinto assim. Outsider, gauche, beat. Como na música dos Secos & Molhados: "não há possibilidade de viver com essa gente... nem com nenhuma gente."
E acaba que encaro a docência e o trabalho com educação como um sacerdócio (haha). Usar as matérias para falar sobre coisas e assuntos que não são do mundo dessa galera. Mostrar caminhos, ser influência mesmo. Fecho com T. S. Elliot em "A Essência da Poesia" (editora Artenova, 1972), p.36: "Deveria haver sempre uma pequena vanguarda de pessoas, apreciadoras de poesia, independentes, e de alguma forma avançadas em relação a seu tempo, ou prontas a assimilar as novidades mais rapidamente. O desenvolvimento da cultura não significa trazer todos para as primeiras linhas, o que seria apenas fazer com que todos marcassem passo: significa a manutenção de uma elite, com a grande e mais passiva maioria dos leitores não mais distantes dela do que uma geração ou pouco mais. As modificações e desenvolvimentos de sensibilidade que poucos revelam a princípio acabarão insinuando-se gradualmente na língua, através da influência desses poucos nos outros." Claro que Elliot é radical e, num mundo onde tudo acontece em tempo real, "uma geração ou pouco mais" é realmente muito tempo. Anyway, a essência é essa. É um pensamento elitista? Provavelmente. Mas eu realmente acredito que exista alta e baixa cultura. E, de novo, não que eu seja somente apreciador da alta cultura, ou apenas ou que eu gosto é que seja bom (ISSO SIM seria elitismo) - também adoro minhas besteirinhas, que sei serem apenas... besteirinhas. Mas quero ser uma alternativa para os alunos que querem fugir do rebolation ou das novelas da globo. Indicar um caminho sem juízo de valor - apenas diferente. Oxigenar a mente da garotada. Pode ser uma gota no oceano - mas nunca quis ser maioria mesmo.
Tenho trabalhado coisas tão absurdas em sala de aula como Soundgarden, Carlos Drummond, Bruce Springsteen, Fernando Pessoa, Oasis, Chico Sciente, João Cabral, Audioslave, Edward Foster, Gregório de Mattos... let's go crazy, fellas.

Uma das que eu mais gosto de usar em aula. Puro feeling. Quando a galera viaja junto, é de emocionar. Go, Boss!

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