Rascunhos de Letras: Teoria da Lírica
Barão Vermelho
Eu queria ter uma bomba
(Cazuza / Frejat)
Solidão a dois de dia
Faz calor, depois faz frio
Você diz "já foi" e eu concordo contigo
Você sai de perto eu penso em suicídio
Mas no fundo eu nem ligo
Você sempre volta com as mesmas notícias
Eu queria ter uma bomba
Um flit paralisante qualquer
Pra poder me livrar
Do prático efeito
Das tuas frases feitas
Das tuas noites perfeitas
Solidão a dois de dia
Faz calor, depois faz frio
Você diz "já foi" e eu concordo contigo
Você sai de perto eu penso em homicídio
Mas no fundo eu nem ligo
Você sempre volta com as mesmas notícias
Eu queria ter uma bomba
Um flit paralisante qualquer
Pra poder te negar
Bem no último instante
Meu sonho que você não crê
Eu queria ter uma bomba
Um flit paralisante qualquer
Pra poder te negar
Bem no último instante
Solidão a dois de dia
Faz calor, depois faz frio
Você diz "já foi" e eu concordo contigo
Você sai de perto eu penso em suicídio, mas no fundo eu nem ligo
Você sempre volta com as mesmas notícias
Ou é ele quem está de saco cheio dela?
Eu queria ter uma bomba
Um flit paralisante qualquer
Pra poder me livrar
Do prático efeito
Das tuas frases feitas
Das tuas noites perfeitas
E na segunda parte, outro aspecto que leva ao paradoxo: do suicídio do primeiro verso ao homicídio:
Você sai de perto eu penso em homicídio, mas no fundo eu nem ligo
Meu mundo que você não vê
Meu sonho que você não crê
E, como isso é uma letra de música e não um poema, vale destacar o final:
Eu queria ter uma bomba
Um flit paralisante qualquer
Pra poder te negar
Bem no último instante
Interessante é que a parte instrumental da música acaba exatamente quando Cazuza pronuncia a tônica "úl", em "ÚLtimo instante", como se realizasse o desejo expresso pelas palavras. E como sabemos que é de sexo que ele fala, temos realçada a imagem do recado dado, que há sim uma bomba eficaz. O poeta logrou êxito: de uma forma alegórica, conseguiu o intento de negar "bem no último instante". No caso, música às palavras. E riu por último.
Um clássico absoluto do rock brasileiro.
Marcadores: Barão Vermelho, Cazuza, Frejat, música, rock nacional, Teoria da Lírica