domingo, 25 de maio de 2008

Guga, Paris 97

Queridos, queridas, este post não fala de música. Não fala de literatura. Fala de esporte - mas não fala de futebol. Ou ainda: não é um post sobre esporte, mas sobre um ídolo. É estranho porque ele tem praticamente a minha idade. Aliás, é mais novo do que eu. Mas admiro Gustavo Kuerten desde 1997, aquele título inesquecível em Roland Garros. Então, no meio desse furacão de emoções que a despedida dele me proporcionou, alguns posts sobre o cara.
Eu sempre gostei de tênis. Um esporte que exige do corpo e da mente praticamente na mesma proporção: vc pode ter um físico sensacional, mas se não tiver controle mental, será um jogador medíocre. Por outro lado, de nada adianta ter o melhor preparo psicológico se você não tem condições físicas pra aguentar o jogo. Além disso, é um esporte individual, não há alguém pra culpar. É você contra outro oponente tão solitário quanto - besides duplas, claro. Dont mess with me!
Mas enfim... sempre gostei de tênis. Desde o ocaso de Jimmy Connors e John McEnroe, desde os tempos do gélido (e ótimo) Ivan Lendl e sua frustração por nunca ter vencido em Wimbledon, perdendo para Pat "who da hell are you?" Cash em 87. A era Sampras, com seus duelos e comerciais da Nike com Andre Agassi. Mats Wilander. Stefen Edberg. O tênis brasileiro: peguei o final da carreira do Kirmayr, sofri com Cássio Motta e Luis Mattar (que chegou a nº 29 no ranking mundial). E, acostumado a ver brasuca cair na primeira rodada em tudo quanto é Grand Slam, fiquei feliz quando aquele "Gustavo Kuerten" passou pra segunda rodada em 97. Mas ia pegar o Jonas Bjorkman, sueco que estava em grande fase. "Vai rodar", pensei. Ganhou, 3x1. Na sequência, Thomas Muster, que na época era um dos tenistas mais regulares do circuito. "Agora roda". Ganhou, 3x2, num puta jogo - vi um compacto, se não me engano, na extinta TV Manchete. E iria pegar Andrei Medvedev, ucraniano, um dos favoritos ao título. "Tá cansadaço do jogo com o Muster. E também já foi longe demais". Outro fantástico 3x2, e aí passei a acreditar em algo maior: o cara eliminara 02 tops jogando um tênis de gente grande. Trabalhava em horários loucos, estava de terceiro turno no dia da batalha contra o russo Kafelnikov, o "Kafelna", então emendei direto na frente da TV. Foi um dos jogos mais marcantes da minha vida, um show! Quando Kafelnikov virou pra 2 sets a 1, Guga voltando nervoso, pensei: já era. Foi bom enquanto durou - e, pro tênis brasuca àquela altura, era sensacional mesmo. Mas aquele magrelo cabeludo não me dá um "pneu" (6-0) num dos grandes tenistas do mundo naquela época? No quinto set, sem chance pro russo: 6-4, 3 sets a 2. Uma zebra belga na semi despachada com um 3 a 1 sem grandes problemas e a finalíssima, contra o espanhol Sergi Brugera. Os espanhóis, com sua escola tradicionalíssima no saibro, que ficou conhecida como "a armada espanhola" (cujo representante hoje é o fantástico Rafael Nadal), eram temidos. Brugera fazia uma ótima temporada e era um dos favoritos em Roland Garros. No melhor complexo de vira-latas possível, pensava: pô, final num Grand Slam, já tá bom! Mas o que eu vi naquele domingo, meu Deus! Foi mágico. Uma vitória maiúscula, incontestável. Brugera não pôde fazer nada, pq Guga fazia tudo: ótimo saque, as devoluções, paralelas, backhands, forehands, subidas a rede, passadas, dropshots, um jogo sólido, completo... 3 fucking sets a 0, parciais de 6-3, 6-4 e 6-2. Gustavo Kuerten campeão do Aberto da França de 1997. E um ídolo nascia, pra mim. Golpe de sorte? Comecei a achar que sim: depois da final em Bologna, logo após Roland Garros, poucos resultados de grande expressão, até o título do ATP Tour de Stuttgart, em 1998. Ali, a arrancada realmente começava...

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4 Comentários:

Às 26 de maio de 2008 às 14:26 , Anonymous Anônimo disse...

Voltei no tempo lendo isso, legal! O Guga era foda!!!!

 
Às 27 de maio de 2008 às 17:51 , Anonymous Anônimo disse...

Eu me lembro desse jogo e de como fiquei impressionada com duas coisas: o quanto o Guga era bom e com o quanto gemia alto! hahahaha

Imagine que legal ter 31 anos, R$ 15 milhões e a chance de mochilar pelo mundo... Eu queria.

Beijo grande.

 
Às 27 de maio de 2008 às 17:51 , Anonymous Anônimo disse...

Eu me lembro desse jogo e de como fiquei impressionada com duas coisas: o quanto o Guga era bom e com o quanto gemia alto! hahahaha

Imagine que legal ter 31 anos, R$ 15 milhões e a chance de mochilar pelo mundo... Eu queria.

Beijo grande.

 
Às 31 de maio de 2008 às 11:38 , Blogger Marie Tourvel disse...

Puxa, Rover, fazia tempo que não aparecia por aqui. Apareci. Tô aqui, ó. Chego e me deparo com um texto sobre um esporte que pratico desde meus tenros 7 anos de idade -é tempo, hein? Fui campeã há 1 mês e meio atrás de um torneio de um clube aqui de Sampa. E hoje começou outro e vambora novamente. Adoro jogar tênis e o Guga era muito bom mesmo. Deixará saudades. Assim como deixou Edberg, não tanto pelo seu primoroso jogo, mas por sua beleza gélida. ;) Beijos, querido e muita saudade de você.

 

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