sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Olímpicas - epílogo

Guilherme, bom amigo e leitor, deixou um comentário que quero trazer pra cá (conforme veio):

"Mas vejamos bem, o que era a ginástica olímpica brasileira a 10 anos atras? ou até menos sei lá! somente depois de um patrocinador robusto é que a coisa começou a andar, quantas Daianes, Jades, Diegos, Cesar Cielos entre outros atletas com resultados estão espalhados pelo país? Aí concordo com o Francisco alí: é pela sorte que se descobre alguém neste país. Deve-se mudar a cultura de prática dos esporte, do tipo de torcida pelos atletas, e do patrocínio."

Queridão, você cometeu um engano muito comum: elevou uma correlação a uma relação de causa e efeito. Como assim? Vejamos:

É errado dizer que “somente depois de um patrocinador robusto a coisa começou a andar”. Correto seria dizer: somente depois de ter contratado um bom treinador (Oleg Stapenko, ucraniano) e ter dado estrutura adequada (aparelhos de primeiro mundo, seleção permanente treinando em Curitiba) é que a coisa começou a andar. Ou senão no futebol masculino (Nike, Coca Cola), handebol masculino e feminino (Petrobrás), basquete masculino e feminino (Eletrobrás e Caixa Econômica Federal), pra ficar apenas nos exemplos mais simbólicos, as coisas também estariam andando a contento, não?

O importante não é ter dinheiro, mas sim o que você faz com ele. A ginástica foi competente nisso, por isso evoluiu. É aí o ponto: correlação é ver no patrocínio forte um indício de melhoria competitiva. Mas esta melhoria só se dá MESMO se o patrocínio forte for direcionado pras coisas certas – coisa que o nosso Brasil-sil não faz e nunca fez, com as exceções de praxe. Eis a relação causa-efeito.

Acha que erro? Então veja o quadro de medalhas, já atualizado com o (fantástico!) ouro da Maureen Maggi:

Clique na imagem para ampliar

Ucrânia, Jamaica, Belarus, Romênia, Eslováquia, Etiópia, Georgia e Quênia. Será que estes países contam com dinheiro de patrocinador (ou mesmo do governo) pura e simplesmente? Ou apenas têm estrutura adequada para formação e lapidação de atletas? That’s the point, my dear. Não somos atrasados por pobreza. Somos por burrice, o que é mais grave.

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3 Comentários:

Às 23 de agosto de 2008 às 08:06 , Blogger Marie Tourvel disse...

Passando aqui só pra dizer oi e mandar um beijo. Espero que esteja bem. Pedi alforria pro Rubens de Falco, vamos ver se consigo. :) Beijocas.

 
Às 25 de agosto de 2008 às 04:55 , Anonymous Anônimo disse...

Opa Rover, que honra ter um comentario respondido tão diretamente assim, hehe.

É realmente por falta de planejamento do dinheiro que o esporte não vai pra frente, concordo! Tanto que no fim do coments anterior escrevi: "Deve-se mudar a cultura de prática dos esporte, do tipo de torcida pelos atletas, e do patrocínio."
Deve-se mudar muitas coisas neste país, e a forma de usar o dinheiro que temos é uma delas, não só no esporte, mas também em outras áreas.

Abraço, até +

 
Às 29 de agosto de 2008 às 16:46 , Blogger Marco Aurélio Fedeli disse...

Caro Rover: Concordo com boa parte da postagem, mar acredito que seja preciso considerar que: Cielo treina nos EUA, logo a questão da estrutura a disposição do atleta é o qiue faz a diferença e essa só vem através da grana investida. Você cita Quênia e Etiópia. Posso estar enganado, mas esses atletas ganharam provas de corrida de longa distância. A cultura de andar longos trajetos nesses paises é antiga. Não seria o caso de paises apostarem nos esportes nos quais as aptidões naturais do povo se projetam melhor? Nesse caso o Brasil demonstra fazer muito melhor nos esportes coletivos do que os individuais. Talvez fosse o caso de investir nesses.

 

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