quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Sujeito indeterminado

Ontem (10/10 - cabalístico, hum?) tivemos aula de morfossintaxe da língua portuguesa. A velha história de sujeito indeterminado, ou pelo menos uma delas: quando tem o pronome "se" junto ao verbo, a oração passa a equivaler a outra que tenha por sujeito "a gente", "alguém"... não podemos determiná-lo com exatidão, portanto. Pro caso de dúvida, você joga o verbo pra voz passiva: se não houver construção possível (por que não haverá sujeito para sofrer a ação, entendem?), realmente é sujeito indeterminado - aí, o verbo é, invariavelmente, conjugado no singular:

- Vive-se bem aqui.

Não dá pra transformar em voz passiva. E também, nota-se, não há sujeito definido na frase. Ele não é determinado, não sabemos QUEM vive bem aqui; sabemos que, via de regra, vive-se bem aqui. O "se" aqui é o que Evanildo Bechara chama de índice de indeterminação do sujeito. Em suma, é o tipo de coisa que você sabe, mas não entende muito bem como funciona. Aí me vem o Reinaldo Azevedo e dá uma
aula que, somada a de ontem, dá uma ótima compreensão do assunto - que apesar de batido, está longe de ser dominado. A íntegra do post segue abaixo:

O sorveteiro camoniano
Sobre a correção que fiz no site de Renan, escreve o leitor Marcelo Lago, tentando me sacanear:

Caro Rei,
Acho que você já foi melhor.
Primeiro, a tradução do Vaticano; recentemente, o hino do Brasil no site da Presidência, e, agora, uma noticiazinha da assessoria do Renan Calheiros.

Vem cá, tem uma placa aqui perto de casa: "Vendem-se picolés". Você não quer lá dar um toque no sujeito?
Um forte abraço,
Marcelo

Respondo
Posso dar um toque, respeitoso, é em você, Marcelo. A gramática do seu sorveteiro é melhor do que a sua. “Vendem-se picolés” é construção camoniana, meu rapaz. Se o bardo fosse apenas anunciar a venda de picolés sem quaisquer outros considerandos, escreveria justamente: “Vendem-se picolés”, com este “se” a indicar o que a gramática baitola chama de “Índice de Apassivação do Sujeito”. Na forma desenvolvida, fica mais claro que “picolés” é sujeito da frase, não objeto direto, como parece: “Picolés são vendidos”. Envie os meus parabéns a seu sorveteiro, um amante da inculta e bela.

Acho que você confundiu o caso com “Precisa-se de livros de gramática". Aqui, o verbo é transitivo indireto, e o sujeito é indeterminado. "Livros de gramática" é objeto indireto. Verbo, você sabe, não concorda com o objeto em português. Assim, pouco importa precisar de um livro de gramática ou de todos, ele não varia: “precisa-se”. Nesse caso, diz-se do “se” que é “Índice de Indeterminação do Sujeito”.

No meu artigo anterior na VEJA, defendi a volta do ensino de gramática em moldes chamados tradicionais. Ela serve para muita coisa. Até pra sacanear os outros, Marcelo...

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2 Comentários:

Às 12 de outubro de 2007 às 08:55 , Blogger thais cavalcanti disse...

marcelo levou uma vassoura... hahahaha

 
Às 21 de fevereiro de 2013 às 02:31 , Anonymous Anônimo disse...

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