domingo, 16 de setembro de 2007

about: blank

Com 30 anos, vc já tem um tempo razoavelmente bom pra refletir sobre o quê é a sua vida, ou por outra, o que vc fez da sua vida, até o momento. Qual sua obra? Vc plantou um livro? Escreveu uma árvore? Realizou algo grande? Propagou a espécie?

De minha parte, apenas a última eu posso efetivamente assinalar como verdadeira. 02 filhas lindas.

O que tem me perseguido a cabeça é que, com 30 anos, vc começa a conjugar pessoas, e não verbos. Os amigos são, ou foram. Passaram. O André, amigo das primeiras descobertas e confidências. O Marquinho e o Júnior, vizinhos – como o Juninho, meu parceiro de jogo de botão. O Moura, do colegial. O Chacrinha, rubro-negro apaixonado, como eu. Pablo, do futsal. Alexandre, do curso técnico. Patrícia, da faculdade de publicidade. Edmílson. Zé Gilmar. Cláudio. Ao citar e lembrar cada um destes, parece q ando num hall, daqueles antigos, com quadros de rostos dos antepassados pendurados na parede. Com a diferença que eu esbarro em um ou outro, na rua, no supermercado, na fila da padaria. Então eu penso: o que cada um fez das suas vidas? E, sure, baby: o que EU estou fazendo com a minha? Pra onde eu tô indo?

Este tempo longe do alucinante ritmo “7-5 living” me faz observar as pessoas que cresceram ao meu redor – não necessariamente comigo, mas na vizinhança. Pessoas q fizeram e continuam fazendo parte do meu universo, mesmo ignorando minha existência (e a recíproca é verdadeira). Alguns com filhos, cabelos brancos... e chego a conclusão que aqui é o paraíso dos losers, a curva do rio da história. Ninguém aqui se tornou algo grande; ninguém aqui é celebrado como expert em alguma coisa, pelo menos até onde sei – e tenho visto a imensa maioria levando a mesma vida de 15 anos atrás, o q convenhamos não é um charme, ainda mais se vc mora no BNH, Jardim Satélite, São José dos Campos. Os mesmos hábitos, rotinas e trajetos. A vida passa num cinza sufocante. Ninguém te dá um oi. Ninguém te pergunta como vai, ou lhe deseja boa tarde. Seria hipocrisia. Seria sangrar demais. Não. Como dar boa tarde, se a tarde é sempre a mesma?

Parece coisa de filme cult, mas não é. Pq o tempo não pára, mas rugas se acumulam. Não há poesia. Há as mesmas caras de sempre, com uma dor, uma angústia sufocada e difusa. Trilhando caminhos diferentes, mas vivendo tão próximos, tivemos delírios vários, ardores antagônicos, até. Mas desembocamos no mesmo oceano de nada, com um agravante: próximos na geografia, mas isoladamente solitários na sua angústia. Cada um por si.

Marcadores: , ,

2 Comentários:

Às 17 de setembro de 2007 às 09:06 , Blogger thais cavalcanti disse...

ai, cara. que merda.

 
Às 16 de dezembro de 2009 às 01:09 , Anonymous Anônimo disse...

...please where can I buy a unicorn?

 

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial

Desenvolvimento de sites
Desenvolvimento de sites